terça-feira, 6 de julho de 2010

Pensamento #24 - Experiências

Sinto-me sempre mal quando presumo compreender aquilo por que os outros passaram, (algo que, com remorso meu, tendo a fazer automaticamente), e me apercebo do quão enganada estou. Mas então como pode quem quer que seja avaliar experiências alheias, quando cada uma é tão diferente das outras e cada pessoa lida com elas de maneiras tão pouco semelhantes?

It is not the critic who counts; not the man who points out how the strong man stumbles, or where the doer of deeds could have done them better. The credit belongs to the man who is actually in the arena, whose face is marred by dust and sweat and blood; who strives valiantly; who errs, who comes short again and again, because there is no effort without error and shortcoming; but who does actually strive to do the deeds; who knows great enthusiasms, the great devotions; who spends himself in a worthy cause; who at the best knows in the end the triumph of high achievement, and who at the worst, if he fails, at least fails while daring greatly, so that his place shall never be with those cold and timid souls who neither know victory nor defeat.
"The Man in the Arena", Theodore Roosevelt

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pensamento #23 - Constatação do óbvio (I)

08 de Janeiro de 2010

Acho que cheguei lá. E "ponto e vírgula" é o que faz mais sentido, não haja dúvida, de entre todos os outros sinais de pontuação.
Se disséssemos "(qualquer coisa) ponto de interrogação" iria parecer mesmo uma pergunta. O ponto de exclamação tem um pouco do mesmo que o outro, porque ambos terminam a frase sem terem vontade de explicar o resto. "(algo) ponto parágrago" acabaria a conversa. Ou pelo menos seria o que o interlocutor daria a entender e/ou queria que acontecesse. Os parêntesis ou as aspas não seriam grande ajuda, visto que os primeiros servem para fazer um à parte e as seguintes servem para dizer algo de arrojado ou para se citar o que quer que seja. O que não faria sentido algum.... Ora imaginemos:
Manelinho: -Ele fez aquilo tudo sozinho!
Carlinhos: - Sozinho, abre aspas!
M: - Abre aspas.... o quê?
C: -Sozinho... Abre aspas!
M: -Mas, queres dizer outra coisa que aquele... home', aquele tipinho, o Sócrates!, disse e que tu 'tás sempre a repetir?
C: - Esquece, pá, não percebes nada!
Havia de ser bonito, assistir a uma destas conversas inteligentes. *cof cof*
Travessão... Nem vale a pena.
Por fim chegamos ao ponto e vírgula. É realmente perfeito! Termina a frase fazendo uma pequena pausa, suficientemente longa para desafiar o auditório, mas curta o suficiente para que este não responda e para que o interlocutor explique o que dissera momentos antes.
Para além de que fica tão giro dizer isso *.*

domingo, 4 de abril de 2010

Pensamento #22 - To be, or not to be

A sala estava dividida em duas partes: uma em que 50 pessoas iriam jantar dali a alguns minutos e outra em que, naquele momento, essas mesmas pessoas se encontravam a conversar, em grupinhos, ora sentadas nos sofás de tecido vermelho esbatido, ora de pé, perto da mesa dos apiritivos (escusado será dizer por que é que algumas pessoas não tinham arredado pé da tal mesa desde o momento em que lhes puseram os olhos em cima...).

Alguém que passasse no meio dos grupos, iria sentir-se perdido, tantos eram os temas a serem discutidos. Ninguém estava silencioso, nem mesmo os senhores vestidos de preto e branco que serviam champagne aqui e ali.

Apenas duas pessoas se encontravam caladas no meio de tantos vestidos de gala e gravatas multicolores. Perto da porta que ligava a sala a um pequeno corredor estavam um rapaz e uma rapariga, cada um sentado numa poltrona, lado a lado. Não estavam a conversar, mas sim a observar a sala, as pessoas à sua volta. Ele sussurou-lhe um nome, e a rapariga olhou para um dos grupos, encontrou a pessoa de que ele lhe falara e voltou o seu olhar para o rapaz que se encontrava sentado ao seu lado.

-Olha esta sala. Não achas que à tua volta há pessoas que não estão a aproveitar o seu potencial? - o rapaz perguntara-lhe momentos antes.

Ela fizera o que ele, vamos chamar-lhe Pedro, lhe dissera, e olhou em volta. Sim, ele tinha razão. Por mais que tentassem esconder, muitas das pessoas que estavam ali tinham mesmo capacidade para fazer mais e melhor. Ela, vamos chamar-lhe Julieta, pensou logo em algumas pessoas: o rapaz que sabia argumentar demasiado bem para ela conseguir entrar numa conversa com ele; a rapariga de vestido leve que tinha uma voz de encantar qualquer um, mas que não cantava muito abertamente; um dos rapazes mais novos que tinha uma facilidade em falar com as pessoas; a rapariga que tocava muito bem piano e que, teimosamente, dizia que não; o rapaz que tinha jeito para inventar histórias; a rapariga que sabia representar e que já não o fazia, sabia-se lá porquê.

-Pois, eu sei o que queres dizer. Mas muitas vezes eles nem notam, sabes? Nem notam que sabem fazer bem as coisas e por isso não as aproveitam. Só alguns é que têm a sorte de alguém, superior a eles (em conhecimento), os encontrar e de lhes dar um empurrão suficientemente forte para se aguentarem no resto do caminho. - murmurou Julieta, olhos postos na lareira acesa que estava na parede no fundo da sala.

-Tu, por exemplo. Eu acho que devias ir para o Conservatório.

Ela olhou para Pedro com a sua cara de não-sejas-parvo, e mudou a direcção da conversa para o sentido mais geral do tema.

"Talvez o que esta gente precise é tempo. Tempo e força de vontade, duas coisas tão raras nas pessoas de hoje. E consciência de que o conseguem fazer, embora haja alguém melhor que eles, porque isso haverá sempre. Ou quase sempre. Aposto que se uma pessoa tivesse uma capacidade que se destacasse, tivesse mais tempo fora da escola e do estudo, e se alguém estivesse lá para lhe dar o tal empurrãozinho, para reconhecer aquilo que essa pessoa é capaz de fazer e dizer-lho, talvez ela conseguisse aproveitar mais.

Talvez.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Pensamento #21 - Equilíbrio

É engraçado como depois de andar muito, gritar um bocado, argumentar um mínimo, esperar muitos anos, as pessoas acabam sempre por chegar à mesma conclusão: o equilíbrio é que é.

- Ah e tal, o sol é mais importante que a chuva porque sem ele a Terra seria demasiado fria para a nossa sobrevivência, e depois as pobres das plantinhas não conseguiam crescer porque não havia luz, as vacas não tinham nada que comer e nós estávamos feitos ao bife.

- Ah não, porque o que fazias só com sol?!  Não senhor, a chuva é que é importante! Todos os seres vivos precisam de água mas nem todos precisam de luz! Ah pois, aposto que não sabias desta, não era seu ignorante?! A chuva é muito mais importante que o sol, até porque sem ela as pobres das plantinhas não conseguiam crescer porque não havia água, as vacas não tinham nada que comer e nós estávamos feitos ao bife.

Até que um belo e milagroso dia, faz chuva e sol ao mesmo tempo, nasce um arco-íris e uma alma inteligente se lembra:

- Epá! Nós precisamos de sol e de chuva! Ena, espetacular! Vou já dizer a toda a gente e o mundo pode finalmente viver em paz, porque já ninguém vai precisar de discutir sobre o que é mais importante: o sol, ou a chuva. Mas que descoberta fantástica. E o melhor é que a partir de agora vou ser famoso!

E se repararem, tudo neste vida funciona mais ou menos desta maneira: há uma grande discussão sobre quem/o quê é melhor, para no fim alguém se lembrar que até é tudo bastante importante. E o mais interessante - ou não -, é que, grande parte das vezes, aquilo em que os Humanos concordam ou deixam de concordar acaba por não influenciar na mais minúscula percentagem se chove, ou se faz sol.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Pensamento #20 - "Deves pensar que és perfeita"

Devo pensar, devo. Faria sentido então, desprezar tudo à minha volta. Inventaria uma língua como a dos elfos no mundo de Eragon, com a qual não se pudessem dizer mentiras. Mas mesmo aí podia-se distorcer a verdade; eles distorciam a verdade.

Não ache que seja perfeita, não. É isso que me fere: o não ser possível atingir a perfeição. A cada falha minha e do mundo à minha volta morro mais um pouco. Afinal, o que é viver se não ir morrendo aos bocadinhos? Ainda tento atingir um ideal, mas que ideal? Não há defenição; e mesmo que houvesse, essa não serviria, pois em si seria imperfeita.

Não há muito que possa fazer se não ir prosseguindo o que pode ser prosseguido, talvez tentar espreitar o que me está vedado, talvez continuar a escrever de modo imperfeito e distorcido aquilo que nunca atravessa a minha mente mas que de um modo ou de outro acaba por ficar registado pela minha letra...

Pensamento #19 - Efeito Borboleta

Não sou verdadeira comigo própria. Muito menos sou verdadeira com aqueles à minha volta, ou com o papel. Não sou verdadeira, ponto. Nem sei qual é a verdade. Não me consigo deixar levar sem analizar cada pensamento, cada acção. As minhas emoções - a maior parte delas - são falsas, e as outras não as consigo descrever.

O meu problema é pôr tudo por palavras. As palavras são mentirosas em si; não as há que descrevam a verdadeira realidade. Ao escrever tudo, distorço os meus pensamentos e opiniões, e depois fio-me neles. Como pode alguém ser verdadeiro quando toda a sua vida está baseada em aproximações, cada uma delas menos verdadeira que a outra?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pensamento #18 - Fire and Ice

Há poemas que não saem da cabeça.

Some say the world will end in fire;
Some say in ice.
From what I've tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.
 
Robert Frost

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pensamento #17 - Problemas

E os problemas que têm solução ainda nem são os piores. Se têm solução, ao menos é possível descobri-la e resolver o desafio. Mas o que fazer com os insolúveis?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Pensamento #16 - Já nem sei qual é o ponto de partida...


É incrível como no espaço de uma semana a nossa perspectiva das coisas pode mudar radicalmente. Duas vezes. Sim, agora estou assim, um bocado para o perdida dentro dos meus ideais e ideias, dentro daquilo que já tomava como certo. Nada de realmente mau aconteceu, nem nada de realmente extraordinário. Nada que qualquer outra pessoa consideraria sequer digno de perder tempo (especialmente quando já há tão pouco) a reflectir sobre as suas implicações. Apenas mais curvas nessa estrada que aparentemente percorremos. E que defenitivamente nos faz, de quando em vez, andar no sentido contrário ao que desejaríamos.

A imagem vem daqui.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pensamento #15 - Problemas de Pontuação

Mim - "Que frio! Quer dizer, eu estou com frio, tu não deves estar, tens o teu imaculado casaco!"
Pochinha - "Por acaso estou. Mas imaculado, ponto e vírgula!"
Mim - "Nunca percebi porque é que se diz ponto e vírgula. Porque é que não se diz outra coisa qualquer?"
Pochinha - "Tipo o quê?"
Mim - "Sei lá, ponto de interrogação, por exemplo."
Pochinha - "Olha, vê. Só ponto não fazia sentido, porque então estarias a acabar a frase e a concordar com ela. Dois pontos também não dá porque indica que vais explicar a seguir porque é que aquilo é assim. Ponto de interrogação não vale a pena porque isso faz-se com a entoação. Ponto de exclamação a mesma coisa. O que é que resta?
Mim - "Travessão."
Pochinha - "Então, mas esse é a mesma coisa que os dois pontos, tinhas que explicar a seguir. E que tal abre parêntises?"
Mim - "Não, já sei! Imaculado, abre aspas!"
Pochinha *rindo* - Ok, e depois como é que fazes?"
Mim - "Então, depois fecha aspas!"

...

Alguém sabe porque é que se diz ponto e vírgula?

sábado, 10 de outubro de 2009

Pensamento #14 - Mundo Real

Desde que comecei a considerar a realdidade de que um dia, lá muito longe, faria 18 anos e iria viver sozinha algures no continente português, provavelmente frequentando uma universidade, que está a um nível de ensino bem diferente que o do liceu, nunca deixei de o considerar um bocadinho como um exerto da imaginação, uma parte de um romance perdido e desinteressante que nunca chegaria, de facto, a acontecer. A verdade é que na minha cabeça, o Mundo em que vivo, e o Mundo onde as pessoas bem sucedidas, conhecidas, que ganham prémios Nobel e bolsas para o MIT existem, são universos paralelos, cruzando-se apenas no infinito.

O primeiro, o Meu Mundo, é a ilha onde vivo e os bairros perdidos no meio de Portugal onde mora o resto da família. É o liceu com todos os seus defeitos, em que faço parte dos melhores alunos do meu ano (não que haja muitos), são as ruas de basalto e desenhos de calcário que percorro todos os dias de mochila às costas, são as pequenas serras e o mar que constituem a paisagem. São as poucas pessoas que conheço, os meus pais e irmão, os seus colegas da escola ou do trabalho. São as horas perdidas discutindo a "distinção entre nada e coisa nenhuma" (Fernando Pessoa, Liberdade), ou comentando as últimas novidades com aqueles amigos mais chegados. São os problemas do dia-a-dia, frustrações com trabalhos de casa, pautas que caem do piano e se recusam a serem lidas. É aquela música que toda a gente ouve e só apetece cantar alto e bom som. É a ideia de que os pais, os avós, os amigos, estarão sempre lá para nos impedir de fazer estupidezes de maior e rir das nossas piadas tolas. É a noção tão real e óbvia de que tudo está o melhor possível e que será sempre assim.

O Mundo Real já é outra coisa. Quase parece uma mentira, de tão Irreal que soa. É aquele mundo em que arranjar um emprego estável, casar, ter filhos e viver o mais feliz que é possível durante um 'sempre' demasiado pequeno é apenas uma das possibilidades para mim abertas. Não uma das mais fácies, talvez, mas também não há caminhos fáceis. É aquele Mundo em que o Joãozinho da casa da esquina ganhou uma bolsa para a República Checa, onde Judas perdeu as botas, que ninguém sabe onde se encontra. Mas a questão é que no Mundo Real, a maioria das pessoas até sabe. É aquele sítio onde se tem que ser mesmo bom, e em que ser mesmo bom dá acesso a uma míriade de oportunidades espetaculares. Nesta realidade, nem o céu é o limite, porque já houve quem chegasse à lua. É um local assustador este Mundo Real. Frio, desconhecido, cheio de sucessos que somos pressionados a igualar ou superar. O problema com o Mundo Real é que, se há aqueles que se dão exepcionalmente bem, também há os que acabam pedinchando nas ruas. As linhas e protocolos não estão bem definidos, não há regras, cada um faz o melhor possível e impossível e, se tiver sorte e der nas vistas, talvez até se torne famoso. A questão é que esse Mundo sempre esteve longe de mim. Ir estudar para fora deste pequeno "país entre a Espanha e o Atlântico" (Manuel Alegre, As Naus de Verde Pinho) era algo, se não imposível, pelo menos improvável durante os próximos anos. As minhas ambições tinham pouco a ver com sucesso intelectual e mais com sucesso amoroso, que sempre me pareceu o mais perigoso e difícil de alcançar.

O problema com tudo isto, é que de repente, contra todos os meus conhecimentos, experiências e expectativas, estes dois mundos cruzaram-se por iniciativa própria durante as tardes de Sábado, deixando-me perdida entre eles. O que fazer agora? Em que realidade confiar? Na reconfortante, conhecida, monótona, previsível rotina que tem sido o meu ninho, ou nas oportunidade de falar com as mais importantes personalidades portuguesas e mesmo estrangeiras da actualidade, de mostrar o quanto valho e de afirmar que o meu lugar neste Mundo que de repente perdeu a sua defenição é mais elevado do que o que ambicionara?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pensamento #13 - Era uma vez o livro...

Estava hoje no jipe quando, na rádio, falaram sobre "a maior biblioteca digital do mundo!". Ora, ouvido assim até parece uma coisa fantástica. Conseguir ter acesso a milhares de livros à distância de um clique! Uau. Eu estava a ficar cada vez mais desconfiada com a conversa, até que um senhor começou a explicar em que consistia aquela "maravilha" do Google.
A uma certa altura, o senhor (não me lembro do nome) disse algo que me chocou e fez-me pensar que devia arrancar o rádio do seu sítio e atirá-lo pela janela fora, que foi mais ou menos o seguinte: "Os livros vão, eventualmente, deixar de existir!" e disse isto como se fosse uma coisa óptima! Boa, as pessoas vão deixar de folhear os seus livros. Yay...
Para além da leitura em si, eu adoro sentir as folhas debaixo dos meus dedos. O livro é o objecto em si, com as suas folhas, o seu tipo de letra, a sua capa, a sua naturalidade. Não me venham agora com Sony Readers, bibliotecas virtuais e Adobe Reader.
E se os livros deixarem de existir o que será de nós? E as bibiotecas reais? O que é fantástico numa biblioteca é a sabedoria imensa que existe debaixo de um mesmo tecto. Livros de todos os tamanhos, de todos os tipos, de todos os tempos, de todos os temas, tudo isto (e mais alguma coisa) podemos encontrar naquele edifício ao qual chamamos "biblioteca". Mas se os livros deixarem de existir... então o seu santuário também.
E não posso deixar de falar dos postos de trabalho que serão perdidos, nem dos problemas de saúde (para quem lê e seguir o Google) que irá trazer. Quem passa horas a ler, passará ainda mais horas à frente de um monitor; se não sai para ir à biblioteca, ficará sentado a procurar algo que lhe agrade na internet.
*Suspiro* A Humanidade está perdida.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pensamento #12 - Quanto tempo demora uma pessoa a morrer quando está a caír no vácuo?

Momentos antes de adormecer; conversa entre Pochinha e Mim, 8 de Setembro de 2009:

A conversa começou em pesadelos... "Odeio aqueles em que estamos a caír..." Interrogámo-nos de novo sobre o que acontece às moscas quando voam dentro de um carro em movimento... A conversa progrediu... "Quanto tempo é que uma pessoa demorará a morrer se estiver a caír no vácuo?" "Bem, podia morrer de desidratação..." "Não, antes disso morria de falta de sono!" "Ou então por causa da força de resistência do ar, depois ia ser difícil respirar e morria de exaustão." "Oh! Mas no vácuo não há ar, por isso não há força de resistência do ar!" "Ah, claro! Então não há o problema de não conseguir respirar!" "Mas espera aí, se estás no vácuo, esás a caír para onde? Não há baixo nem cima!" "Olha, imagina que estamos numa daquelas coisas da NASA, não é? Então, saímos da Terra e paramos aqui: *exemplifica com as mãos um ponto no espaço exterior à Terra, desenhando no ar* "Ah, mas já saíste do campo gravitacional da Terra?" "Já. Então, saímos e o tipinho atira-se." "E cai?" "Não, fica a pairar porque não há ar. Vácuo... Não há ar. Morria lá nada em quatro dias! Morria com falta de oxigénio!"

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pensamento #11 - Formigas ou Pessoas?

"Uma formiga já nasce a saber tudo. O Homem tem de aprender à medida que cresce, e muitas vezes morre antes de saber o seu objectivo."

Então qual é o objectivo da vida de uma formiga? Sobreviver, proteger a colónia, reproduzir-se, dependendo de formiga para formiga. Mas será mesmo que quando ela nasce já sabe como contruir um formigueiro, por exemplo? Claro, poderá ter um certo instinto, mas conseguiria fazê-lo sem o exemplo das outras? Não me parece. Mas como transpôr isto para o ser humano?

O Homem aprendeu a construir abrigo, a alimentar-se, e mesmo a comportar-se em sociedade, a comunicar, a imitar os outros. Mas nos primórdios o objectivo de vida de alguém era concerteza muito óbvio: ocupar o seu lugar na comunidade, caçar, acender o fogo, cuidar das crianças ou qualquer outra actividade necessária à sobrevivência. Ninguém consideraria ser o seu dever descobrir se o planeta onde vivia era plano ou esférico ou quadrangular. Não que a ideia não lhes pudesse ocorrer; simplesmente haveria coisas mais importantes com que perder o tempo.

No entanto a verdade é que se hoje em dia alguém tivesse como objectivo a descoberta de um qualquer dado astronómico, esse alguém seria até admirado ou ajudado na sua demanda. Até porque ninguém fazia questão que ele fosse caçar mamutes. O que há a ter em conta é que nós continuamos a ser o homo sapiens sapiens, e que se agora nos podemos dar ao luxo de não nos preocuparmos com a nossa sobrevivência, o devemos aos nossos antepassados que descobriram técnicas eficases de se manter vivos e confortáveis. Não será verdade que as mesmas espécies de formigas continuam a fazer tudo exactamente como faziam? E por outro lado, cada vez há uma melhor qualidade na nossa vida.

Uma melhor qualidade e esperança de vida, já para não falar nas facilidades de hoje em dia, trazem consigo bastante tempo livre que antes não tinhamos. E também uma certa liberdade de escolha. Então porque morrem tantas pessoas sem conhecer o seu objectivo de vida, ou mesmo se a vida faz sentido? Ora, por isso mesmo. Há demasiadas opções. E se fossemos como as formigas? A vida seria uma estrada em linha recta, sem curvas ou surpresas. Ou seria mesmo? Eu não sei, nunca fui formiga...

O que faz de nós seres racionais é precisamente isso: conseguirmos raciocinar. Assim sendo, conseguimos questionar, chegar a conclusões, melhorar. Mas tal não quer dizer que as formigas nasçam a saber tudo. Como disse a Mariana, quanto mais evoluido é um animal, mais tempo precisa de passar com os progenitores, aprendendo os segredos da vida. E o Homem? O Homem nunca deixa completamente quem o criou...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pensamento #10 - Fechados numa Bolha

Alguém a falar ao telemóvel entra num mundo só seu e da pessoa com quem fala. Pode andar de um lado para o outro, escrevinhar, brincar com o cabelo, mas acaba por estar fechado numa bolha. E quando alguém rompe essa bolha? Bem, se quem estiver lá dentro for a Joana*, aparentemente essa pessoa leva um pontapé. E quem está do outro lado da linha? Ora, esse que se aguente. Quer ele queira quer não, metade da bolha já foi destruida.

O único problema é que, parecendo que não, uma bolha é algo extremamente efémero. Mais tarde ou mais cedo, acaba por colapsar... E embora se possa sempre criar uma nova, nunca será a mesma coisa.


* Joana é um nome inventado por mim. Neste caso estou a falar de outra pessoa...